sexta-feira, 29 de abril de 2011

Errou por quê?

E aí? Por que o portal da Globo.com se equivocou nessa chamada para as notícias do casamento do Príncipe William?

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Ice

Numa dessas conversas longas com minha irmã no Skype, ela soltou uma boa pérola: doidisse.

Expliquei a ela que a grafia dos substantivos terminados em "ice" era com . Na mesma hora, ela retrucou dizendo que ficava muito feio e que doidice com "ss" era muito mais bonitinho.

Então, galera: substantivos como doidice, criancice, babaquice, sandice, tolice, chatice, etc., são  grafados com c. Com "ss", vamos grafar os verbos no imperfeito do subjuntivo, como saísse, fizesse, comesse, trocasse, pusesse...

#ficaadica

Ainda hoje, pretendo falar sobre o temido emprego do acento grave, aquele pobrezinho a que as pessoas costumam chamar de crase. ;)

terça-feira, 12 de abril de 2011

Ainda sobre os porquês

Acabei de me lembrar de uma coisa sobre os porquês.

Quando ainda estava na graduação, cursei a disciplina de Literatura Portuguesa e, quando fomos estudar a literatura portuguesa contemporânea, é óbvio que lemos Saramago. Lembro, como se fosse hoje, ter comentado com a professora: "Beleza que ele inova ao utilizar vírgulas em vez de outros sinais de pontuação, mas por que ele não emprega os porquês corretamente?" Ela estranhou isso, mas, na hora, houve qualquer empecilho que nos impediu de procurar por alguns exemplos nas obras que tínhamos em mãos.

Enquanto escrevia ontem para postar aqui, dei aquela consultada no Dicionário Priberam, que ponho aqui ao lado, na lista de links úteis. Se procurarem pelos porquês, vão encontrar divergências com o que eu expliquei, então eu concluo que Saramago não estava equivocado e o lance é: os portugueses realmente têm empregos diferentes para os porquês, muito embora a gramática seja a mesma.

Se você TEM clareza quanto aos usos no português brasileiro, sugiro dar uma olhada neste link, em que o Dicionário Priberam esclarece a diferença entre os porquês no português europeu.

Se você NÃO TEM, acho melhor nem arriscar, senão enlouquece! ;)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Esses tais porquês

Havia perdido as esperanças de escrever aqui de novo, mas estava devendo esta postagem a Andra Jardim e, ontem, saindo com primo e amigos, a frase "Eu nunca sei usar os porquês" veio à tona no carro.

Não tiro por mim, que sempre tive relativa facilidade com as regras e as exceções da língua portuguesa, mas confesso que o uso dos porquês não é de todo complicado. E não, isso não é discurso de professor de português que sempre acha a sua matéria fácil. Se eu fosse louca, talvez o dissesse, mas uma coisa é fato: com atenção, a gente consegue entender essas peças que a ortografia tenta nos pregar.

Minha mãe se queixou de que este blog estava uma aula chata de português, mas, se servir pra ajudar alguém, que seja! :)

Vamos lá, então!? :)

Esse porquê é junto ou separado? Com ou sem acento?

É assim que tudo começa.
Não é equivocado perguntar isso ou mesmo responder "porque junto e sem acento é pra resposta; por que separado é pra pergunta. O acento vai quando ele tá no final da frase. E o porquê junto e com acento é o substantivo."

"Tá de boa", como dizemos por aí, mas nem sempre isso será suficiente. Não entro nem no mérito de serem explicações estilo "bizu", porque sou a favor da simplicidade, mas, quando a gente entende o porquê dos porquês, é bem mais simples, né? Prometo não dar nomes como "conjunção" ou "pronome interrogativo", porque talvez precisasse de outras mil postagens para explicar conjunção, pronome e pronome interrogativo. Vamos pela simplicidade, então.

E cá estão os vilões mocinhos:

Porquê - este é o mais bonitinho e fácil de entender. A palavra "substantivo" enche a boca das pessoas na hora de explicá-lo e está certo. :) Ele é, mesmo, o substantivo. No português brasileiro, vem sempre com uma outra palavrinha determinante, como os artigos e os pronomes, por exemplo.

  • Um dos assuntos mais temidos na hora de escrever é o uso dos porquês.
  • Esse tal de porquê me dá dor de cabeça na hora de escrever.
Uma boa observação sobre o substantivo é que, sendo um substantivo, ele poderá flexionar em número (singular ou plural).

Por que - este pobre coitado é, para mim, o segundo mais simples. Ele equivale a por qual motivo, por qual razão, etc., e é por isso que ele é usado em perguntas.

  • Por que é complicado usar os porquês? 
    • Por qual motivo é complicado usar os porquês?
  • Não sei por que é complicado usar os porquês.
    • Não sei por qual motivo é complicado usar os porquês.
Por quê - este eu acho mais interessante, pois as pessoas dizem "Ele vem no final da frase". É verdade, mas gosto de explicar por quê. Ele é igual ao anterior (por que, separado e sem acento). Igualzinho! O acento, ao contrário do que muitos pensam, não é diferencial, como vieram me perguntar outro dia no MSN. Esse acento tem a ver com a prosódia, ou seja, tem a ver com a acentuação da palavra. A acentuação gráfica, neste caso, existe porque há uma tonicidade natural nesse "ê" daí. No caso do "por quê", a sua localização ao final de frases faz com que esse "quê" seja tônico. Isso é da melodia da língua, não uma mera questão (orto)gráfica. Aí, no caso, pego o gancho:

1. em português, as oxítonas terminadas em "e" são acentuadas graficamente, ou seja, na hora da escrita. Por isso o porquê, substantivo, é acentuado graficamente. (Oxítonas, para quem não lembra, são as palavras cuja sílaba tônica é a última):
    • português, porquê, ponta, etc;
2. em português, os monossílabos tônicos terminados em "e" também são acentuados graficamente. Aí, como a melodia da língua faz com que o "que", em final de frase, ganhe mais força na hora da fala, ele vai ganhar o status de monossílabo tônico e, assim, recebe o acento circunflexo quando for representado por escrito:
    • pé, fé, Sé, ré, etc.
    • por quê, quando estiver em final de frase.
*Há autores que defendem a tonicidade também no meio da frase, quando antes de uma vírgula, por exemplo. Mas, por haver controvérsias, pode deixar pra acentuar só no final da frase, que "tá de boa".

Porque - este é o meu preferido, porque dizer que ele serve pra resposta é verdadeiro, mas, para mim, é BEM insuficiente. Quando você quiser introduzir uma resposta, ou seja, uma explicação ou uma justificativa, poooooode começar por ele. Mas depois tem um MAS que não deixará de relacioná-lo às justificativas, mas ele vai aparecer num jeitinho de pergunta, como num texto que minha querida amiga Doca (Amanda Meira) me mostrou semana passada.

  • Amanda enviou o texto a mim porque tinha dúvidas.
  • Porque tinha dúvidas, Amanda enviou o texto a mim.
MAS o bonitinho às vezes aparece assim, ó:
  • Amanda enviou o texto porque tinha dúvidas?
  • As zebras são listradas porque faltava tinta?
  • Você diz essas grosserias porque está zangado comigo?
Para mim, ele continua sem mistério, mas a interrogação ali no final das frases faz com que as pessoas pensem que ele introduz a pergunta, mas não é. Nessas perguntas, se a gente observar direito, constam algumas afirmações: Amanda enviou o texto, as zebras são listradas e você diz grosserias. Cada uma dessas afirmações tem uma justificativa, que é introduzida pelo porque. O lance é: a pessoa que afirma não está de todo certa dessas justificativas e, por isso, em vez de "afirmar afirmando", "joga o verde", como costumamos dizer, isso porque se quer checar se a informação procede.

Compliquei mais!?
Deem  feedback, para eu tentar melhorar.